sexta-feira, 22 de agosto de 2014

JOSÉ DE SOUSA MIGUEL LOPES – Convite de Lançamento de seu mais recente livro



PREFÁCIO DE ANTÓNIO NÓVOA

Por que motivo as crianças de modo geral são poetas e, com o tempo, deixam de sê-lo?
O trabalho de José de Sousa Miguel Lopes merece uma atenção especial. A forma como escolhe os seus temas, como se lança em áreas de fronteira e como abre novas problemáticas caracteriza um autor de grande intuição e originalidade.
Neste livro, vai buscar as suas raízes moçambicanas e brasileiras para escrever um estudo comparado que tem como chave a poesia na escola – Poesia e etnicização nos livros didáticos de Português: Um estudo comparativo Moçambique e Brasil.
Apesar do seu interesse, vou deixar de lado as reflexões teóricas e metodológicas do autor, sobre a comparação, o currículo ou a didáctica, para me centrar no íntimo deste livro assim apresentado logo na abertura:
“Pela mediação da poesia, os poetas fundaram os povos. E os povos fundaram a língua. E a língua fundou as nações. Não tem talvez uma lógica histórica. Tem a da poesia. Que é alquímica. Ou seja: mágica”.
Comemora-se este ano o Centenário do nascimento do mais importante psicopedagogo português do século XX: João dos Santos (1913-1987). As suas crónicas mais conhecidas foram publicadas em O Jornal da Educação. Nelas, explica que o importante não é tanto ensinar como se lê, mas “Aprender a ler” na natureza, nas pessoas e nas coisas. E esta aprendizagem faz-se com os sentidos e com a inteligência, “com os sentidos dentro da inteligência”, implica a capacidade de alimentar a fantasia e a imaginação das crianças.
É este mesmo espírito que inspira as ideias de José de Sousa Miguel Lopes. O título deste prefácio pertence a Carlos Drummond de Andrade, que pergunta:
“Não estará na escola, mais do que em qualquer outra instituição social, o elemento corrosivo do instinto poético da infância que vai fenecendo à proporção que o estudo sistemático se desenvolve, até desaparecer no homem feito e preparado supostamente para a vida?”
Por isso, José de Sousa Miguel Lopes defende uma prática pedagógica que seja espaço de criação. Recorre a Mário Quintana para dizer que os livros de poemas deveriam ter sempre margens grandes para as crianças desenharem. Assim, a poesia não seria só leitura, mas seria também a inscrição de cada um, com a sua individualidade, com a sua identidade, no seu próprio processo cultural.
A poesia propõe a abertura para as diferenças e dá às crianças e aos jovens uma visão do mundo e da história, dos mundos e das histórias. É o que José Craveirinha nos diz, à sua maneira, no poema do futuro cidadão:
“Vim de qualquer parte
de uma Nação que ainda não existe
Vim e estou aqui!”
José de Sousa Miguel Lopes utiliza a poesia para mostrar a importância de um novo currículo, de uma nova didáctica, de uma nova pedagogia. Nunca ignora o papel das relações de poder no acto de educar e, por isso, conclui o seu trabalho com um apelo aos professores, afirmando que a poesia pode ser um meio poderoso para construir um mundo mais humanizado.
Com inteligência e compromisso, o autor abre-nos, como diria Mia Couto, para a possibilidade de sermos as pegadas dos passos por acontecer…
António Nóvoa
18 de Agosto de 2013

Para adquirir o livro acesse o site da editora CRV, de Curitiba, clicando aqui
O mesmo site permitirá o acesso à Apresentação e a outros itens do livro, bastando clicar na palavra Sumário.

7 comentários:

inezalves 23 de agosto de 2014 às 09:35  

Amigo Miguel, vc bem merece essas palavras que mesmo sem ler seu livro sei que refletem suas vivências e sonhos. Bem que eu queria que todos os que sonham com uma educação aberta a imaginação pudessem contaminar todos os professores e pais como um vírus imortal. Muitos bjs pra vc, Carla e Antônia. Inez

Mariano Alves Diniz Filho 23 de agosto de 2014 às 14:27  

Professor Miguel. Parabéns e obrigado, mais uma vez, pelo convite. Seus textos tem nos possibilitado muitas reflexões na educação. ABraços. Mariano

Lorene dos Santos 24 de agosto de 2014 às 07:38  

Meu caro Miguel,
Que alegria receber este convite e saber que teremos acesso a uma obra que promete nos inspirar muito, nos caminhos da educação, da vida, do reencantamento com o mundo.Grande abraço

Lorene

Anônimo 24 de agosto de 2014 às 18:34  

Miguel,
Meu querido e eterno professor. Você me emociona e me surpreende quando navega por tantos mares da diversidade humana. Obrigada por me ajudar a alcançar as pegadas da via poética.
Beijos,
Marilia

Miguel Júnior 25 de agosto de 2014 às 05:08  

Caro amigo,
desejo-lhe muito sucesso com a nova obra.

Parabéns por contribuir mais uma vez para com a nossa sociedade, espalhando sementes de tão valiosas ideias.

Abraço carinhoso, de seu amigo, aluno e admirador,
Miguel Júnior

Maria Machamba 25 de agosto de 2014 às 15:14  

...qual griot transportando um Kora cheio das estórias que hão-de vir. No início e no fim, logo a seguir ao amor, ou ao lado, mesmo ali ao lado, a poesia, sempre a poesia.

Maria Machamba

Anônimo 25 de agosto de 2014 às 15:59  

Que alegria em receber o convite e aprender com mais uma obra sua, querido Miguel.Como professora da Educação Infantil endosso a importância da poesia no universo dos pequenos leitores.Humanizar desde a infância para colhermos um amanhã de gentilezas ...Abraços Monique Torres

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